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O que faz com que uma pessoa aja de uma determinada maneira que para muitos é insana e louca? Não estou aqui falando de uma pessoa perversa, corrupta e imoral. Estou falando de certos descontroles ou situações que algumas pessoas praticam para conseguir ou conquistar algo, por talvez não se acharem passíveis de obter e por isso praticam atos violentos contra outros e até contra si mesmos, que provocam estranheza em todos nós. 

A reação das pessoas é de julgamento, de críticas, de interpretação sem qualquer reflexão mais profunda sobre o que pode estar acontecendo com uma pessoa que fingi uma gravidez, um parto e um sequestro só para comover, sensibilizar o homem que supostamente ela ama e quer. O que se passa dentro de uma mulher que para ficar com um homem pratica atos que parecem fugir do controle de sua razão. 

Enquanto psicóloga e alguém acostumada a trabalhar com pessoas posso dizer que todos nós, sem exceção, possuímos vivências do nosso passado na primeira e segunda infância que determinam, em parte, como estaremos e nos sentiremos em relação a nós mesmos, ao outro e ao  mundo depois de adulto. A neuropsicologia, estudos da psicologia, filosofia e sociologia nos mostram que parte do que somos foi gerados lá no comecinho da nossa existência. Quantos de nós não fomos abandonados pela mãe, ou pelo pai; quantos de nós não tivemos experiências de rejeição e humilhação, quantos de nós sofremos bullying nas escolas e até em casa, quando os pais são abusivos e pouco afetuosos? Há casos extremos de abuso, de abandono, de rejeição que marcam a vida de uma pessoa de uma forma muito profunda e às vezes difícil de serem resolvidas. Quantas situações de desespero e terror muitos já sofreram e ainda sofrem?

Aí é que mora o problema. A dor é tão grande e tão insuportável que temos um mecanismo neuropsicológico de esquecer o que vivemos isso é um mecanismo de sobrevivência psíquica e emocional que, graças a Deus, nós temos. Por outro lado, não olhar pra estes sofrimentos do passado faz com que permaneçamos nele. Faz com que a gente não entenda porque agimos desta ou daquela maneira. Todos nós em maior ou menor grau já fizemos algo da qual não queríamos ter feito, quantos de nós já não teve uma crise de raiva, agindo com total descontrole? Nosso cérebro, ao longo dos anos desde que nascemos, vai criando conexões neuronais que tem a ver com o tipo de experiências que tivemos ao longo de nossa vida desde que estávamos no útero das nossas mães. Esses padrões neuronais vão moldando a forma como nos sentimos em relação a nós mesmos, moldam nossos pensamentos e sentimentos. Enquanto psicóloga, posso dizer das marcas e cicatrizes ou feridas que ainda estão abertas e que precisam ser reconhecidas e ressignificados. 

Infelizmente, a falta de conhecimento e a crença em achar que ser do jeito que somos, ainda que insatisfeitos, é normal e não pode mudar nunca acarretam certos acontecimentos como foi o desta moca que saiu nos noticiários desta semana. Lamento por ela, por estar submergida em sofrimentos que fazem parte do seu passado e que ela não está dando conta de resolver. Julgar é fácil, ninguém pensa no que pode estar por trás de um comportamento aparentemente insano. Eu não tenho dúvida que, por mais irracional que seja um comportamento tem sempre uma razão ou várias de existir. Seja o que for que tenha acontecido em nosso passado devemos apenas compreendê-lo e não ficar culpando e justificando nossos erros nos baseando nele. Ao contrário, devemos procurar fazer algo. Sartre, um grande filósofo existencialista do passado disse: “o que importa não é o que fizeram de você, mas o que você faz com o que fizeram de você”. Todos nós temos recursos para modificarmos nossa realidade atual para uma muito melhor, basta querer e se dedicar a isso.

Até a próxima semana.

Por: Vida Diária / Cristina Castro e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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