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Terroir é uma palavra francesa que no mundo do vinho não tem uma tradução exata. Podemos definir de forma literal como uma determinada localidade ou território. Mas quando tratamos da produção de vinho, o conceito de terroir é caracterizado por uma série de combinação de fatores, tais como: clima (quente, frio, chuvoso, ventoso), solo (densidade, mineral, argiloso, rochoso), terreno (plano, inclinado, altitude). Além destes fatores naturais, existem os fatores humanos: técnica utilizada no plantio, manejo como um todo, a mão do homem e o que o enólogo pretende produzir. Todas essas variáveis são importantes quando falamos em produção vitivinícola, formando um conceito amplo do terroir.

Isto posto, podemos ter a certeza que um vinho nunca será igual ao outro, ainda que produzido pela mesma uva e no mesmo lugar, pois o clima pode mudar e a mão do homem influenciar no cultivo das videiras, gerando assim um vinho totalmente diferente da safra anterior. E em meio a essas todas variações que podemos ter no vinho nosso de cada dia, vou falar um pouco para vocês sobre vinhos de altitude, pois há diferenças em vinhos produzidos ao nível do mar daqueles vinificados com uvas cultivadas a 1200 metros ou mais. Até porque, como disse antes, o clima é fator super influenciador na produção vitícola. Dessa forma, as uvas cultivadas em um clima mais quente não terá as mesmas características de uvas de lugares frios.

 

A incidência de luz afeta a quantidade de açúcar nas uvas, originando frutos mais doces e alterando as características sensoriais do vinho. Em lugares de clima frio, há um predomínio de castas brancas (elas se adaptam melhor e este tipo de clima), mantendo maior acidez e um teor alcoólico mais harmônico.

Normalmente, em lugares mais quentes e baixos, teremos uma uva com maior maturação ou maturação mais rápida, o que gerará um fruto mais adocicado, pois teremos maior presença de açúcar nos mesmos. Uvas com maior teor de açúcar (sobrematuradas), gerarão vinhos mais alcoólicos e com menor acidez, algo muito comum no mercado do vinho nos dias hodiernos. Vinhos adocicados no paladar, com baixa acidez, taninos bem redondos e macios e totalmente prontos pra beber. Longes de um vinho clássico, com boa estrutura em álcool, taninos e acidez, e claro, gastronômicos. Claro que isso pode ser controlado pelo enólogo, que escolherá qual estilo de vinho pretende produzir.

 

Já os vinhos de altitude trazem características diferentes em função do clima que se apresenta nas montanhas. Um fator importante é a amplitude térmica das regiões mais altas. Amplitude térmica é a diferença de temperatura máxima e mínima registradas entre um certo período, que pode ser diária, mensal ou anual. Esta amplitude varia de acordo com os tipos de clima no nosso planeta, além de: altitude, latitude, relevo, umidade do ar, vegetação, correntes marítimas, etc.

A altitude influencia a variação de temperatura de um microclima. As regiões com grande amplitude térmica são excelentes para o cultivo de videiras. O calor durante o dia  traz a maturação correta para a o fruto, enquanto o frio noturno permite que a planta descanse e retenha maior acidez e frescor.

 

Mas há semelhanças entre os vinhos de altitude, independente do lugar, pois todas estas características diferentes em lugares altos gerarão vinhos com maior acidez e frescor. Existem vários lugares  mundo onde se produzem vinhos de altitude: Chile, Argentina (pode chegar a 3 mil metros), Itália e também no Brasil. Santa Catarina se destaca neste cenário. Temos também Campos de Cima da Serra no Rio Grande do Sul e agora a Chapada Diamantina na Bahia (vinhos que ainda chegarão ao mercado).

Como exemplo de vinícolas temos: Lemos de Almeida (antiga Santa Rita) e Aracuri no Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina podemos citar a Villaggio Bassetti, Urupema e Pericó.

 Agora que você já conhece na teoria sobre os vinhos de altitude, basta degustá-los e confirmar seu frescor e acidez.

 

Vaner Benetti

 Sommelier Internacional FISAR

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