:: Vida Diária :: Jornalismo que completa o seu dia!

Porque, se fosse bom nessa matéria, vendia conselhos, em vez de dá-los gratuitamente.

Ainda mais em se tratando do amor, um assunto tão, digamos, complexo e sutil como as nuvens que, num instante, estão desse lado, no outro, se perdem na imensidão azul.

No entanto, após alguma experiência e tantas leituras, sou capaz de desenvolver a questão, não sem a ajuda de dois amantes especiais.

Para o primeiro, “amar se aprende amando”; para o segundo, “nosso amor a gente inventa”. Mas vamos por partes.

Sei que o substantivo amor e o verbo amar ainda são vistos com a lente de aumento do idealismo, em detrimento da do realismo. Afinal, o amor é sentimento e amar, uma troca sentimental inter/subjetiva.

Para piorar, a religião, a política e a ideologia ajudam a idealizar o amor e a torná-lo inatingível. E mais frágil.

Quando amar – como disse Drummond – se aprende amando.  Ou seja, botando a mão na massa, fazendo e acontecendo, numa troca sem trégua comigo e com o outro, consigo e com outrem.

Não pretendo negar o amor à primeira vista, mas é na prática amorosa, na troca cúmplice e no diálogo constante que o amor ganha força para seguir adiante. Movendo sol e estrelas, como queria Dante. 

Porque o nobre sentimento, mulé cabeluda, não cai do céu nem dá no nosso nem no quintal alheio, de modo que precisamos cuidar muito bem dele, dando-lhe o alimento necessário, boas doses de atenção, carinho de montão, para que não enfraqueça ou, pior, morra.

Por se tratar de algo intrínseco à natureza humana, o amor precisa ser visto como invenção cultural, objeto da inspiração artística e razão de ser das teorias, mas sobretudo como sentimento.

Cazuza cantou: “O nosso amor a gente inventa e, quando acaba, a gente pensa que ele nunca existiu”.

Mas aí o poeta do rock exagerou, porque, no fundo, sempre fica alguma coisa. Uma lembrança boa ou ruim.

Porque ninguém – inclusive você, mulé cabeluda – passa incólume pela aprendizagem amorosa. 

E dessa invenção – inventor versus inventado – todos saem ganhando.

Agora, mulé, vá cortar essa cabeleira!

 

Por: Almir Zarfeg

AVISO: O conteúdo de cada comentário é de única e exclusiva responsabilidade do autor da mensagem.

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notácia, democrática e respeitosamente. Para utilizá-lo, você deve estar logado no Facebook. Comentários anônimos (perfis falsos ou não) ou que firam leis, princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas podem ser excluídos caso haja denúncia ou sejam detectados pelo site. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, entre outros, podem ser excluídos sem prévio aviso. Caso haja necessidade, também impediremos de comentar novamente neste site os perfis que tiveram comentários excluídos por qualquer motivo. Comentários com links serão sumariamente excluídos.