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Hoje vamos adocicar um pouco o mundo vínico. Em um universo onde o vinho seco predomina em produção, consumo, marketing e até mesmo status, os vinhos de sobremesa possuem um consumo bem menor, seja por não conhecimento por parte do público, por gosto pessoal, visto que são doces, e mais alcoólicos em alguns casos e até mesmo por preços, pois alguns possuem um valor bastante elevado. Mas o vinho a ser abordado neste artigo é o vinho de sobremesa mais famoso do mundo: O Vinho do Porto.

 

A origem do vinho do Porto é incerta na sua produção. Mas a denominação de “Vinho do Porto” data de meados do século XVII e as origens da vitivinicultura está na região do rio Douro, cidade do Porto, em Portugal. Como já disse antes, não se sabe com plena certeza como surgiu e há polêmicas a respeito do assunto. Uma das versões diz que os ingleses, no século XVII, após se desentenderem com os franceses, passaram a ancorar suas embarcações na cidade que dá nome ao vinho. A partir daí começaram a comprar vinhos de Portugal, que, à época, eram secos. Como era uma longa viagem entre os dois países, os vinhos oxidavam. Para resolver o problema, diz-se que dois irmãos adicionavam brandy (bebida destilada a partir de uvas brancas ou outras frutas), ao vinho produzido na região do Douro a fim que ele não estragasse durante a longa viagem entre Portugal e Inglaterra. Num certo ano, a concentração de açúcar das uvas foi bastante elevada (quem sabe por sobrematuração), e o vinho produzido contava com um excesso de açúcar residual. Assim, ao se adicionar aguardente vínico, isso resultou em um vinho agradável aos seus paladares e, com isso, teria surgido a ideia de se adicionar álcool durante o processo de fermentação, provocando a interrupção do processo e a consequente manutenção da doçura da bebida, além do aumento do grau alcoólico na bebida, que gira em torno de 19%. Assim nascia o vinho do Porto. Mas acredita-se também que já na época dos descobrimentos esse método era utilizado para a conservação do vinho por um maior período de tempo.

 

De fato, os britânicos foram os maiores consumidores dessa bebida. Em 1703, Portugal e Inglaterra assinaram o “Tratado de Metheun” – onde dizia que os ingleses dariam preferência ao vinho português em relação ao francês. Em meados do século XVIII, em função de adulterações, foi criada a “Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro”, em 1756, órgão que passou a regular a qualidade do produto. Em 1757, Marquês de Pombal determinou a delimitação das principais áreas vitivinícolas do Vale do Douro. Dessa forma, o vinho do Porto – com essa denominação – somente pode ser produzido na Região Demarcada do Douro.

 

 

Os tipos de vinhos mais tradicionais são: Ruby, Tawny e Branco.

RUBY: O nome é derivado da sua cor, que é um vermelho escuro profundo. É um vinho mais intenso, encorpado e mais doce que os tipo Tawny. Envelhecem de dois a três anos em balseiros(tonéis), de carvalho francês de 5000 mil litros.

TAWNY: Difere do Ruby no processo de envelhecimento. Após passar por dois ou três anos nos balseiros maiores, é transferido para tonéis menores, de 550 litros. Dessa forma, haverá maior contato do vinho com o oxigênio e a madeira, fazendo com que o vinho envelheça mais rapidamente, aportando aromas da madeira e deixando sua cor mais clara.

BRANCO: Não tão conhecido por muitos, o Porto branco tem o mesmo tempo de envelhecimento dos anteriores, mas apresenta um caráter mais frutado e jovial ao paladar. Podem ser secos, meio secos e doces. O mais famoso é o que eles denominam como lágrima, que possui um paladar mais adocicado.

 

Além destes tipos, existem as categorias especiais dos Portos.

Tawny envelhecido: do mesmo tipo do Tawny, possui várias safras. A diferença é que ele fica envelhece nos tonéis por mais tempo, de 10, 20, 30 e 40 anos.

Reserva: aqui entram uvas de melhor qualidade. Pode ser branco ou tinto. Envelhece de quatro a seis anos nos toneis. Assim como os vinhos comuns, não envelhecem dentro da garrafa.

LBV (Late Bottled Vintage): provenientes de uma mesma safra de uva, considerada especial. Envelhecem de quatro a seis anos nos toneis e depois de engarrafados continuam a evoluir. Possuem aspecto de vinho tinto Ruby, cor vermelha carregada e sabor frutado.

Vintage: é considerado o mais top dos vinhos do Porto! Só são considerados vintage, os vinhos feitos a partir das safras de uvas consideradas excepcionais. Possuem aromas florais e frutados, cor intensa e taninos marcantes. O vintage envelhece apenas dois anos nos balseiros e é engarrafado. Entretanto, ele mantém o envelhecimento na garrafa. Por isso, é interessante deixá-lo envelhecer alguns anos na garrafa. Seu rótulo indicará o ano da safra e do engarrafamento. Menos de 2% da produção de vinhos do Porto são do tipo Vintage. Um aspecto que precisa se atentar é que quando se abre a garrafa, é necessário tomar o vinho em até dois dias, senão ele perderá suas características.

Os vinhos do Porto podem ser servidos como aperitivos ou harmonizados com frutas secas, tais como: nozes, figos e damascos, pavê de chocolate ou chocolate meio amargo. São vinhos espetaculares que valem a pena ser degustados.

 

Vaner Benetti

Sommelier Internacional

FISAR – WSET1

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