:: Vida Diária :: Jornalismo que completa o seu dia!

Durante anos na minha vida olhei para traz, para minha história familiar com mágoa, com revolta e quanto mais eu me lamentava disso mais o meu poço existencial se afundava. Era como estar em uma areia movediça, quanto mais eu me debatia, rejeitando, excluindo e me revoltando com aquilo que a vida me deu através dos meus pais, menos sucesso e mais solidão eu vivia, menos vitalidade e mais desconectada eu me posicionava diante da vida e das pessoas.

Pode lhe parecer estranho, mas, muitas vezes - para nos darmos conta de que necessitávamos de algo, precisamos vivenciar esse algo. Por exemplo, quando eu conheci o trabalho com a Constelação Familiar foi difícil entender, inicialmente, o conceito de “tomar” os nossos pais. Quando, pela primeira vez eu vivenciei essa ferramenta, eu me lembro que minha treinadora me questionou se eu realmente queria e estava preparada para olhar para minha mãe. Mas não com aquele olhar que eu tinha sobre ela, com aquela fala magoada e ferida como se ela, por causa do modo como me tratou, não tivesse sido uma boa mãe, como se ela nunca tivesse me amado.

Ver a minha mãe através da sua história me fez perceber que a desconexão do amor era minha, eu não estava amando a minha mãe do jeito que ela era - e foi esta a minha grande sacada. Eu não conseguia ver o amor dela por mim porque eu a enxergava através do véu da minha mágoa, da minha raiva. Foi aí que entendi que, à maneira dela, do jeito dela, do modo como ela havia aprendido sobre ser amada – ela me amou sim e muito. Foi uma das experiências mais espetaculares que eu senti. Um peso enorme saiu das minhas costas. Eu entendi visceralmente, que o amor é vida real. Ele não é algo romântico, bonito, e maravilhoso sempre. Mas pode vir cheio de amargura, de raiva, de valores impostos de forma agressiva e descontrolada, muitas vezes até de forma rejeitadora e punitiva. Eu percebi que por tras de tanto sofrimento tinha sim um vínculo muito forte de amor.

Entendi que reconciliação, que perdão não é concordar, não é ficar perto, não é passar por cima mas sim, aceitar as coisas do jeito que são, é desapegar da dor e deixa-la ir, é olhar pra frente com a certeza de que tudo que lhe foi dado era o que podia ter sido dado, nem mais nem menos e que, se sou hoje o que sou, foi exatamente por causa de tudo que passou.  

 

 Até a próxima semana!

www.criscastro.com.br

https://www.facebook.com/criscastropsi/

www.instagram.com/criscastropsi

AVISO: O conteúdo de cada comentário é de única e exclusiva responsabilidade do autor da mensagem.

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notácia, democrática e respeitosamente. Para utilizá-lo, você deve estar logado no Facebook. Comentários anônimos (perfis falsos ou não) ou que firam leis, princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas podem ser excluídos caso haja denúncia ou sejam detectados pelo site. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, entre outros, podem ser excluídos sem prévio aviso. Caso haja necessidade, também impediremos de comentar novamente neste site os perfis que tiveram comentários excluídos por qualquer motivo. Comentários com links serão sumariamente excluídos.