“É complicado você ver um profissional receber uma carta de despejo. É complicado você ver grupo de pessoas juntar dinheiro para conseguir uma cesta básica”, disse, em seu discurso emocionado, o maestro Orley Silva, que coordena o projeto Orquestrando o Futuro, durante a sessão do dia 29 de março da Câmara de Vereadores de Teixeira.

“A Orquestra é um patrimônio de Teixeira de Freitas” ressaltou Orley, e, por isso, não tem como ela deixar de existir. “Compreendemos que é um trabalho que tem feito a diferença na vida dos nossos jovens, de nossas crianças, dos adolescentes e na cidade como um todo, então é muito importante que todos estejam engajados para que isso não termine”, ressaltou o maestro.

Ele explicou que as coisas tomaram essa proporção devido a uma série de implicações entre a Prefeitura Municipal e a Orquestra, dentre elas, não está sendo feito o repasse de um valor acordado entre as partes desde novembro de 2016. Pelo fato de não terem recebido nenhum posicionamento por parte da Prefeitura, por meio da secretaria responsável, a de Educação, os participantes da orquestra, pais e professores, viram que o único modo de chamarem a atenção seria ir até a Câmara de Vereadores falarem com a comunidade sobre esses problemas e pedir ajuda.

Orley ainda disse que existe um contrato entre a orquestra e a Secretaria de Educação que termina no mês de julho, mas, até o momento, não houve nenhum posicionamento da Prefeitura em relação a continuação deste contrato, o que preocupa ainda mais a comunidade.

Atualmente, 304 famílias fazem parte da Orquestra, isso porque, apesar de serem 304 alunos matriculados, a família toda se beneficia com a presença da criança, jovem ou adolescente em um projeto dessa grandeza.

Esteve presente no protesto, a Pastora Ítala, que se identifica com a causa e também tem um filho que é professor na orquestra. Ela enfatizou que “toda a família é acolhida pela orquestra”. Ela citou Washington e Gabriel por irem além da orquestra teixeirense e terem sido convidados para participarem de outras, maiores, levando, assim, o nome da cidade. A pastora ainda falou sobre a importância de projetos como este para manterem os jovens longe da criminalidade e outros riscos.

Samara Almeida Costa, 18 anos, moradora do Castelinho, toca viola na orquestra e disse que não consegue mais viver sem a música. Samara falou de seu crescimento enquanto ser humano e a disciplina em seu caráter adquirida com as aulas: “faz eu ser organizada, a ter compromisso com o horário”. Ela também esteve ao lado dos amigos no protesto na Câmara e ressaltou, em entrevista, que “tenho amigos que já falaram que se não fosse a Orquestra, eles estariam no mundo das drogas”.

Durante a sessão, os vereadores se colocaram a favor da permanência da Orquestra  na cidade, e muitos consideraram absurda a ideia de não ter mais esse trabalho desenvolvido aqui. Alguns com falas mais enérgicas, como o vereador Joris Bento que disse, direcionado ao secretário de Educação, Hermon Freitas: “se o senhor for o responsável por querer acabar com a orquestra, o senhor peça para sair da pasta”.

Nossa equipe entrou em contato com a Secretaria de Educação que se prontificou a resolver o caso o mais rápido possível. Disse também que o prefeito de Teixeira de Freitas, o senhor Timóteo Alves de Brito, esteve conversando com a direção da Orquestra. Não nos informaram como andam as negociações. Nosso jornalismo continua acompanhando o caso.

 

Por Vida Diária/ Petrina Nunes