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Quando chegamos ao fim de cada ano, a aproximação do Natal e do Ano Novo nos traz momentos diferentes, ímpares, singulares. A atmosfera muda em torno de tudo e de todos, e temos a clara percepção de um sentimento diferente que inunda praticamente a toda pessoa, aos lugares, aos ambientes os mais estranhos e distantes, como se algo invisivel aos nossos olhos, mas perfeitamente perceptível aos nossos olhos, inundasse nosso corpo, nossa alma e nosso espirito.

Interessante que essa mudança de atmosfera traz outras mudanças incorporadas.

As cidades mudam, sendo decoradas para receber de forma mui bela e agradável esse período tão significativo. As pessoas mudam a decoração da casa, o vestuário, os hábitos e até mesmo a alimentação. Aliás, a alimentação nesse período apresenta às nossas mesas, pratos únicos, próprios da ocasião e que dificilmente teremos novamente à mesa durante o ano vindouro.

 

Estamos falando do panetone, pernil, chester, peru, salpicão, biscoitos de gengibre, nozes e castanhas, bolinho de bacalhau, rabanada e o que mais a criatividade de chef nos trouxer a fim de embelezarmos nossa mesa com as mais deliciosas iguarias.

Mas é também nesta época que o consumo de vinhos e espumantes aumenta, seja de qual natureza for: tintos, brancos e rosés. Suaves ou secos. Frisantes e espumantes. É sempre bom festejar essa época com uma bebida que nos agrade, mas o vinho se nos parece atrair de forma mais substancial, poderosa e agradável. E então muitas vezes nos encontramos em um dilema: em meio a tantos alimentos e vinhos diferentes, como eu devo harmonizar minha ceia de Natal? Sempre nos perguntamos: com que vinho eu vou?

Confesso que essa é uma pergunta difícil de responder, mesmo para aqueles, que como eu, trabalham com vinhos e já tem experiência na área. Isto se dá em função das mais diversas opções que se nos apresentam, sejam de pratos ou de vinhos. Aliado a isso está a questão do paladar de cada consumidor, com gostos totalmente divergentes uns dos outros. Mas é claro que sempre buscamos encontrar um meio termo a fim de que todos possam ser saciados em seu desejo de explorar sensorialmente uma boa comida e uma maravilhosa bebida. Dessa forma, veja as dicas que você pode seguir para acertar nas harmonizações.

 

Darei uma dica de cada prato com algum tipo de vinho, mas a escolha final será sempre do consumidor, naquilo que lhe trará mais prazer ao paladar.

Pernil assado: carnes delicadas sempre pedem vinhos na mesma proporção. Mas ainda que delicada, a carne de porco, seja um pernil ou mesmo lombo, poderá trazer uma camada de gordura. Assim, dê preferência a vinhos que não sejam intensos no paladar, mas que possuam uma boa acidez para contrapor com a gordura.

Opte por brancos sem passagem por madeira, mais leves e com acidez presente ou mesmo por um espumante brut. Caso prefira tintos, um pinot noir fará bonito em sua mesa.

Peru: uma carne que normalmente é servida assada, o que nesse caso, agrega mais sabor. Outros já preferem servir com uma farofa ou mesmo acompanhado de frutas nobres, como nozes ou amêndoas. Cada maneira de servir o prato trará nuances diferentes. Assim como o assado trará mais concentração de sabores, com farofa o mesmo ficará mais seco e decorado com nozes trará um sabor mais agridoce. Escolha um vinho branco mais estruturado, com passagem por madeira, dando preferência para o velho e bom Chardonnay. Há outras opções como Riesling e Sauvignon Blanc. O importante é manter uma acidez interessante, mas que não agrida o paladar.

Bacalhau: Esse é um prato que precisamos ter cuidado, pois as características do bacalhau são pontos importantes a serem considerados. É um peixe forte, de sabor marcante e normalmente elaborado com muito azeite de oliva, o que nos traz a gordura. E são muitas as formas de preparo. Considere utilizar um vinho branco estruturado, para poder suportar o sabor forte do bacalhau. Pode ser utilizado também um espumante brut de qualidade.

 

Caso opte por  tinto, escolha um bom vinho português que não seja encorpado, para que ambos não fiquem “brigando” na boca.

Salpicão: este é um outro prato que pode trazer alguma dificuldade para ser harmonizado. Não pelo prato em si, mas pelas diversas formas que ele pode ser feito, visto que cada um tem uma receita diferente. Mas a salada tradicional, que leva em sua composição: frango, cenoura, pimentão, passas, etc, pode ser bem harmonizado com vinhos brancos ou tintos. Opte por merlots para tintos e um excelente riesling para os brancos. Os vinhos da América do Sul e da Califórnia são ótimas opções.

Panetone: se sua sobremesa for um panetone ou chocotone, você poderá harmonizar com um vinho de sobremesa. Para tal poderá utilizar um espumante moscatel para o panetone e um vinho licoroso ou fortificado para o Chocotone, como o Porto.

São estas minhas dicas para sua ceia de Natal. Feliz Natal a todos e que haja ótimas harmonizações em suas mesas.

 

Vaner Benetti

Sommelier Internacional FISAR

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