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Teixeira de Freitas: Preocupação, angústia, desespero, são alguns dos sentimentos que pais da Associação de Familiares e Amigos da Pessoa com Deficiência (AFAPED), estão passando. Nossa equipe foi convidada para participar de uma reunião que foi realizada na terça-feira (11), onde os mesmos falaram das dificuldades que estão enfrentando em receber os benefícios para seus familiares que têm alguma deficiência.

José Filho Muniz dos Santos é pai de Ozéias Santos Muniz, de 11 anos. O garoto teve meningite com seis meses de idade e hoje depende do benefício que está sendo negado a ele, como leite, fraldas e remédios. José é aposentado e, com o que recebe, não tem como comprar tudo o que o filho precisa.

Ozéias usa um suplemento alimentar (Pediasure) que custa, em média, R$ 40,00, e gasta em torno de 22 latas por mês. Neste caso, o gasto mensal é de R$ 880,00. José ressaltou que, na gestão anterior, conseguia receber os suplementos todo mês. Esse ano ele só recebeu em fevereiro. “E nós dependemos desse alimento, pois o menino só vive com este alimento e água de coco”, disse o pai emocionado, já que seu salário não paga nem as despesas fixas do mês.

Ana Paula Soares Batista é mãe do Erick Urick Batista, 8 anos. O menino tem deficiência intelectual e é atendido pelo Centro de Educação Inclusiva (CEI). Ela disse que o filho sente falta da professora Lúcia, que o ajudou a desenvolver a fala e da convivência com os coleguinhas. “Lúcia desenvolveu nele um afeto, que despertou o interesse em conviver com outras crianças”, disse a mãe.

Ela também contou que o filho frequenta o CEI há 2 anos, mas agora tiraram alguns professores, inclusive a Lúcia, atrapalhando o desenvolvimento da criança. Ela relata que, quando tiraram uma das cuidadoras, a criança adoeceu. Ela ressalta que tirar os profissionais, com os quais eles se acostumaram, atrapalha o trabalho. “Nós não pedimos para ter filhos com deficiência, nem eles pediram para nascer. Então, se sensibilizem, usem um pouco do afeto do ser humano e tragam esses profissionais de volta, pois eles fizeram um excelente trabalho e são capacitados”, disse a mãe, e completou: “é um direito nosso, e um direito deles”.

Islane Silva de Souza, mãe da Sara de 8 anos, que tem paralisia cerebral, é a vice-presidente da AFAPED. Ela disse que a associação existe há 3 meses e foi criada a partir das dificuldades enfrentadas pelos pais. Todos resolveram se unir para fazer valer os direitos. Alguns pais chegaram a entrar com uma ação na Defensoria Pública desde dezembro. O juiz expediu duas ordens que não foram cumpridas. “Se o município não cumpre a ordem do juiz, vai cumprir a ordem de quem?”, questionou a mãe, indignada.

Ela tem uma amiga advogada que entrou com um mandado de segurança que bloqueou um valor de 1.500 reais que daria para leite, fralda e medicação. Esse leite, que a filha usa, custa R$ 35,00 reais cada lata. “É uma grande dificuldade olhar para essa criança e não ter o leite para dar: vamos dar o quê? Se a alimentação específica é o leite”.

Leliane Vieira de Souza Saúde é presidente da associação e mãe de Gustavo Souza Saúde, de 11 anos de idade, que tem edema cerebral e autismo. Ela conta que o filho desenvolveu algumas habilidades com a ajuda do CEI, no qual ele participa desde 2011.

Desde janeiro ela e os outros pais lutam pelo retorno dos profissionais do CEI. “Estamos pedindo a consciência dos nossos gestores, para que possam estar olhando para essa classe que necessita muito desses benefícios”, disse a mãe. Ela ainda informou que a medicação de uso contínuo, que é dada pelo município, foi cortada desde outubro de 2016.

A advogada Joice Santos de Souza que participou da reunião, se prontificou a ajudar os outros pais e entrar com “um mandado de segurança que vai tutelar o direito líquido e certo” e, dessa forma, garantir a entrega do material que as crianças precisam para sobreviver.

Está marcada para o dia 12 de junho uma audiência pública, das 19h às 22h, na Câmara de vereadores, organizada pelo vereador Jonathan Molar, para falar sobre os direitos da pessoa com deficiência.

Nossa equipe entrou em contato com as 3 secretarias, que atendem as demandas, sendo elas, de Educação, Assistência Social e Saúde. O secretário de Educação, Hermon Freitas, nos deu retorno, informando que os professores que faziam parte dos programas CREI e Educação Esperança, estavam em função readaptada, o que não tornava legalizado a sua função. Como reordenamento de professores na rede municipal realizado pela a secretaria de educação e cultura todos os professores voltaram para suas funções de origens de acordo com suas vagas e concursos. “Estou buscando uma forma legal para recolocar esses professores dentro dos programas sem prejuízos jurídicos para o município e sem prejuízo as crianças atendidas”. Contou-nos o secretário.

Até o fechamento desta reportagem, não recebemos respostas da Secretaria de Assistência Social e da Secretaria de Saúde de Teixeira de Freitas.

Para ajudar a associação na compra de leite, fraldas e medicamentos, basta ligar para Leliane no número (73) 9 9817-1839.

 

Por: Vida Diária/ Mirian Ferreira e Petrina Nunes

 

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