O projeto Maturembá está criando um corredor etnoecológico para conectar os Parques Nacionais do Descobrimento e do Monte Pascoal, no sul do Estado da Bahia. Nos dias 18 e 19 de novembro, o Programa Arboretum esteve na comunidade Canto da Mata, localizada no município de Prado, onde realizou um mutirão de plantio com a participação de indígenas e não-indígenas. A iniciativa conta com a parceria do Fundo Ambiental Sul Baiano (FASB) e da Associação de Mulheres Pataxó Agricultoras da Aldeia Canto da Mata (AMUPAM), com o objetivo de restaurar áreas degradadas, promover a biodiversidade e fortalecer a cultura indígena.
No dia 22 de novembro, a área de restauração da comunidade Canto da Mata também fez parte do movimento "Mãos Pela Mata", promovido pela organização Pacto Mata Atlântica.
O projeto Maturembá e seu impacto
O nome Maturembá, que significa "mata grossa" na língua patxohã, reflete a essência da iniciativa. A proposta busca criar um corredor ecológico conectando dois importantes fragmentos de Mata Atlântica: o Parque Nacional Histórico do Monte Pascoal e o Parque Nacional do Descobrimento. Segundo Felipe da Rocha, técnico do Programa Arboretum:
“O projeto está trabalhando com mais de 40 hectares de restauração florestal, plantando mais de 30 mil mudas e utilizando técnicas como restauração passiva, ativa e enriquecimento de áreas.”
Durante o plantio, Vanusa “Sauara”, vice-cacique da aldeia e vice-presidente da AMUPAM, ressaltou a relevância histórica da iniciativa:
“Antigamente tudo era mata, foi degradado pelos fazendeiros. Hoje estamos plantando árvores nativas e sonhando com um futuro sustentável para nossos filhos e netos.”
A participação ativa da comunidade é um pilar do projeto. Para o cacique Carajá, da aldeia Canto da Mata, o corredor Maturembá representa mais do que restauração ambiental:
“Estamos cultivando e preservando nossas terras. As nascentes estavam morrendo, e agora estamos plantando espécies que sustentam a água e trazem vida de qualidade.”
O conceito e a importância dos corredores ecológicos
Corredores ecológicos são essenciais para conectar áreas fragmentadas, permitindo o trânsito de animais e a dispersão de sementes. Esses espaços reduzem os impactos da ação humana e ajudam a evitar a extinção de espécies. No caso do projeto Maturembá, além de restaurar a fauna e a flora locais, o corredor apresenta uma solução concreta para os desafios da fragmentação ambiental na região da Hileia Baiana.
O projeto Maturembá vai além do plantio de árvores: promove a preservação ambiental, valoriza o protagonismo indígena e constrói uma ponte entre o passado e o futuro das comunidades do sul da Bahia. A iniciativa é um exemplo de como a restauração florestal pode transformar realidades locais e gerar benefícios globais.
Por: Sentidos Urbanos – Michele Ribeiro MTB 06766
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