Policiais civis apreenderam grande quantidade de dinheiro – incluindo dólares americanos, dólares australianos, euros, pesos chilenos e pesos argentinos – nas casas dos clérigos suspeitos de integrar um esquema que desviava dízimos e doações da Diocese de Formosa. Na casa do vigário-geral, monsenhor Epitácio Cardozo Pereira, havia maços em sacos plásticos escondidos em um fundo falso do guarda-roupa.
Conforme apurou a TV Anhanguera, foram apreendidos mais de R$ 70 mil. O Ministério Público deflagrou nesta segunda-feira (19) a Operação Caifás. O bispo de Formosa, Dom José Ronaldo, o vigário-geral (segundo, na hierarquia da igreja), quatro padres e três funcionários da área administrativa foram presos. O grupo cumpre prisão temporária na carceragem do Forum de Formosa.
As apurações apontam que o grupo age desde 2015 e já gerou prejuízo superior a R$ 2 milhões. O promotor Douglas Chegury explicou que os desvios eram constantes. "Segundo os padres que foram ouvidos até agora, o dinheiro era uma espécie de 'mensalidade' paga por aqueles que estavam situados em paróquias mais, digamos, 'lucrativas', que tinham uma arrecadação maior", disse.
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça apontam que o grupo comprou uma fazenda de criação de gado e uma casa lotérica com o dinheiro desviado.
As investigações começaram no ano passado, após denúncias de fiéis. Eles afirmaram que as despesas da casa episcopal subiram de R$ 5 mil para R$ 35 mil desde a chegada do bispo Dom José Ronaldo. Na ocasião, o clérigo negou haver irregularidades nas contas da Diocese de Formosa.
Operação Caifás
A ação, batizada de "Caifás", tem ao todo, nove mandados de prisão e dez de busca e apreensão em Formosa, Posse e Planaltina. Além de residências e igrejas, um mosteiro também é alvo da investigação.
Segundo o promotor de Justiça Douglas Chegury, um dos responsáveis pela operação, foram apreendidas caminhonetes da cúria em nomes de terceiros, além de uma grande quantia de dinheiro em espécie, com valor ainda não foi divulgado. Conforme apurou a TV Anhanguera, dois empresários que seriam laranjas no grupo estão sendo investigados.
De acordo com o MP-GO, a suspeita é que a associação criminosa atuava na cúria da Diocese da Igreja Católica de Formosa e em outras paróquias relacionadas a ela nas outras cidades. Participaram da ação cerca de dez promotores de Justiça, além das polícias Civil e Militar.
Denúncia
Em dezembro de 2017, fiéis denunciaram que as despesas da casa episcopal de Formosa, onde o bispo mora, passaram de R$ 5 mil para R$ 35 mil desde que Dom José Ronaldo assumiu o posto, havia três anos.
"O que nós temos certeza é que as contas da cúria não fecham. Então, nós queremos a abertura pública das contas da cúria [administração da diocese] e dos gastos da casa episcopal", disse uma fiel, que preferiu não se identificar.
O grupo que contesta as contas informou que não recolheria o dízimo até que as medidas fossem atendidas. A diocese disse, na época, que o custo das 33 paróquias é de cerca de R$ 12 milhões por ano. Já a arrecadação, no mesmo período, é de R$ 16 milhões. O restante é destinado ao fundo de cada unidade.
Dom José Ronaldo alegou na época que não tocava no dinheiro e que não houve o pedido, por parte do grupo, para a apresentação de contas. "Não tem nada de impropriedade. Não toco nos repasses financeiros das paróquias que são destinados à manutenção das necessidades da Diocese, casa do clero, seminário, estrutura da cúria, funcionários etc", declarou.
Por: Vida Diária/G1.
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