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Série Pioneirismos em Teixeira 

A Série Pioneirismo em Teixeira traz uma parte da história da cidade que teve um salto de evolução surpreendente contada pelo médico Stanislau Siepierski Filho, de 67 anos, e que há 42 anos reside e atua na cidade. Stanislau foi um dos seis primeiros médicos a vim para Teixeira.

Casado com Fátima de Oliveira Siepierski com quem teve duas filhas, Mariana Vercelini Siepierski e Samanta Vercelini Siepierski. Stanislau nasceu em Caratinga (MG), mas foi ainda bebê para Vitória (ES). Formou na capital capixaba no Curso de Medicina da Santa Casa, em 1975, e veio para Teixeira. “Me formei e vim para cá, me constituí aqui como cidadão e como profissional”, disse.

Ele conta que, quando chegou, em 1975, Teixeira ainda era um povoado de 12 mil habitantes, “era uma medicina um pouco precária, pois não tinha a tecnologia e os recursos que nós temos hoje”. Havia poucos médicos, cinco estavam aqui quando ele chegou.

A referência em medicina para os teixeirenses naquela época era Nanuque (MG). “Tudo que precisava de melhor em medicina era em Nanuque ou em Caravelas (BA)”, contou. Os exames laboratoriais eram feitos em Caravelas. Stanislau disse que o laboratório Antunes e o Labclin foram os primeiros a chegar em Teixeira.

Ele começou atuando no Hospital Sobrasa que também estava começando a funcionar na cidade e, no início, atuou com três médicos: Dr. Álvaro e Dr. Belitardo, e o proprietário fundador, Dr. Rafael. Também havia o Hospital Santa Rita (onde, atualmente, funciona a UMMI), que tinha três médicos Dr. Nelson Prado, Dr. Jacó e Dr. Sérgio Amazonas. Não existiam Postos de Saúde naquela época. “O SUS não havia sido implantado na região, mas existia o Fundo Rural, que era como o SUS, mas apenas para o trabalhador rural”, contou.

Um dos marcos na carreira de Stanislau foi quando ele implantou o serviço de  tratamento de tuberculose na cidade, assim que inauguraram o Hospital Regional, há quase 40 anos. Até então, as pessoas com tuberculose ou hanseníase iam se tratar em Nanuque e aqui já havia um grande número de pacientes desses casos. “Conseguimos implantar, fazer uns cursos, treinamentos, formamos um grupo para começar a atender no Regional, na década de 80, quando começamos a atender e fazer os tratamentos de tuberculose e hanseníase que hoje são referência na região”, falou o médico.

Atualmente, “até cirurgia já se faz nessa cidade, neurocirurgia, eu nunca imaginei que chegaria a isso, pois naquela época nem energia tinha, era um gerador que tinha”, disse o médico, fazendo uma comparação sobre a situação precária de materiais de décadas atrás e de como avançou hoje.

Um dos marcos na história da medicina de Teixeira foi a inauguração do Regional que, no início, era mantido pelo Governo do Estado. Naquela época havia muita dificuldade de se conseguir os especialistas. Com o tempo foram chegando muitos médicos e anestesistas. A Dr. Alois foi a primeira anestesista a chegar na cidade e atuou no Regional e o Dr. Liomar atuou no Santa Rita.

Hoje há duas UTIs em Teixeira, uma no Hospital Municipal e outra no Sobrasa, “então já tem o apoio para manter o paciente vivo até tomar uma providência e melhorar o quadro desse paciente”, falou o médico.

Quando chegou a DIRES (Diretoria Regional de Saúde) iniciaram as campanhas de vacinação e isso também foi um marco na história da medicina na cidade, pois sarampo, rubéola e catapora eram um tormento na cidade, doenças responsáveis por muitos casos de mortes infantis.

Stanislau sempre gostou de atuar com a medicina sanitária e a cardiologia. E contou sobre a importância da implantação do CTA (Centro de Testagem e Acompanhamento) para pacientes com HIV/Aids. Ele lembrou que “o primeiro paciente que tivemos [com HIV] ficou internado no Hospital Regional por dois anos. Ele havia sido expulso de Porto Seguro, era um argentino. Foi o primeiro caso clínico de HIV que atendi. E ele teve tuberculose nesses dois anos internados no Hospital”, disse.

“E o primeiro caso de paciente com HIV que morreu em Teixeira foi ‘Auê’, pois o caixão teve que sair lacrado, pois se achava que pegava HIV pelo ar. Foi um tumulto. E a família nem pode ver o falecido. Isso me marcou muito. Hoje já se sabe que o contágio não é dessa forma”, lembrou o médico emocionado.

Ele ainda fala de outros casos em que o Hospital Regional serviu de abrigo por alguns anos para pacientes. Teve, por exemplo, um paciente tetraplégico que ficou três a quatro anos no Hospital, pois ele não tinha familiares, não tinha para onde ir. “Esses pacientes viviam no Hospital, eles eram albergados no Hospital”, explicou o médico.

“Vejo com bons olhos a medicina hoje, apesar de achar que a cidade precisa de outro Hospital, pois o Regional foi construído para atender 12 mil habitantes e hoje Teixeira tem quase 200 mil habitantes e o Hospital é o mesmo”, contou Stanislau. Ele ainda atua na sua própria clínica, a Centrocordis, e dá assistência no PSF da Urbis, “já me sinto uma parte daquela comunidade”, falou.

“Eu acho essa cidade um doce e só saio daqui para outra vida”, finalizou.

 

Por Vida Diária/ Petrina Nunes

 

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