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Luana Alves Aureliano, 29 anos, perdeu o bebê em 2007 durante o procedimento obstetrício em Teixeira. “Eu fui para a maternidade sentindo dores à noite, e o médico, simplesmente, olhou para mim e disse que eu não estava sentido dor o suficiente para ganhar o meu filho naquele momento. Eu deveria retornar no outro dia”, relatou. No dia seguinte ela foi internada, mas o médico disse que não faria mais o parto e que ela teria que esperar outra médica. A outra médica aplicou remédios (Ocitocina) na gestante para induzir o parto. O bebê, depois de tudo, faleceu. Ela entrou em depressão e, após oito anos, conseguiu ter coragem de engravidar novamente, mas resolveu fazer cesárea. “Muitas mulheres passam por esses traumas e o filho nasce morto ou elas passam por problemas físicos e psicológicos”.

Quem também viveu uma experiência parecida foi Maria D’Ajuda Rodrigues Santos, 30 anos. Quando teve o bebê em Teixeira de Freitas, relatou que passou por diversas situações de violência e de maus tratos. “Na hora do parto, com o bebê já nascendo, eles pediram para a gente andar até a sala de parto”, relatou, e ainda fizeram cortes desnecessários na mulher que também falou da falta de paciência das enfermeiras. Ela ainda conta que “foi aplicado em mim um medicamento que forçou as contrações”. Pesquisando o assunto, Maria D’Ajuda descobriu que esse tipo de procedimento é ilegal. E, após tudo que sofreu, resolveu se mobilizar para que outras mulheres não sofram os mesmos traumas que ela teve. “Há uma lei no Brasil que visa o parto humanizado, e a gente busca que a gestante tenha um aparo, um acompanhante, uma pessoa que ela confia do lado”

Histórias como estas começaram a chamar a atenção do vereador Jonathan Molar que procurou conhecer pessoas que relataram ter sofrido esse tipo de violência. Maria D’Ajuda foi uma das primeiras mulheres que conversaram com ele, expondo o sofrimento pelo qual foi vítima. A situação fez o vereador apresentar o Projeto de Lei que já tramita no Legislativo Municipal. De maneira resumida, o projeto propõe a implantação de medidas de informação e proteção à gestante e parturiente contra a violência obstétrica em Teixeira. É considerada violência obstétrica todo ato praticado pelo médico, pela equipe do hospital, por um familiar ou acompanhante que ofenda, de forma verbal ou física, as mulheres gestantes, em trabalho de parto ou, ainda, no período logo após o parto.

Rosilda Oliveira Borges, 33 anos, também sofreu este tipo de violência. Em 2005, no Tocantins, ela foi hostilizada pelas enfermeiras que falavam frases do tipo “pode aguentar que na hora do bem bom você fez, agora aguenta o resultado”. Nesse hospital, os profissionais ainda quebraram a costela dela e o bebê teve a clavícula fraturada, devido as forças que fizeram quando uma das enfermeiras subiu nela para retirar a criança. Em 2009, ela teve um bebê na recepção da UMMI de Teixeira de Freitas. Devido a demora em atendê-la, não deu tempo de levá-la para a sala de parto. Em 2012, ela engravidou e ficou com muito medo da hora do parto. “É um momento de tamanha fragilidade e tudo que a gente sofre, naquele momento, a gente leva para toda a vida”, disse Rosilda, emocionada, pedindo que as mães não se calem diante das violências sofridas. “Quando se fala em atendimento à gestante, infelizmente, a gente tem muitos relatos [de violência], principalmente, das pessoas mais carentes, porque elas não têm o conhecimento dos seus direitos e acabam sofrendo caladas”, finalizou.

Conversamos com o vereador Jonathan Molar, ele disse que outras formas de parir e nascer são possíveis e devem ser oferecidas a toda sociedade. “E por ouvir diversos relatos de usuárias do sistema de saúde brasileiro, reivindico intervenções urgentes na assistência ao parto e nascimento. Parto sem violência, com respeito, com assistência e escolha informada baseada em evidências é o mínimo que deveria ser ofertado às mulheres”, destaca.

O Projeto de Lei ainda propõe a elaboração e confecção de uma Cartilha dos Direitos da Gestante e da Parturiente. “O objetivo é propiciar que todas as mulheres tenham as informações e esclarecimentos necessários para um atendimento hospitalar digno e humanizado, visando à erradicação da violência obstétrica”. Conclui.

 

Por: Vida Diária/ Mirian Ferreira/Petrina Nunes

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