Durante anos na minha vida olhei para traz, para minha história familiar com mágoa, com revolta e quanto mais eu me lamentava disso mais o meu poço existencial se afundava. Era como estar em uma areia movediça, quanto mais eu me debatia, rejeitando, excluindo e me revoltando com aquilo que a vida me deu através dos meus pais, menos sucesso e mais solidão eu vivia, menos vitalidade e mais desconectada eu me posicionava diante da vida e das pessoas.
Pode lhe parecer estranho, mas, muitas vezes - para nos darmos conta de que necessitávamos de algo, precisamos vivenciar esse algo. Por exemplo, quando eu conheci o trabalho com a Constelação Familiar foi difícil entender, inicialmente, o conceito de “tomar” os nossos pais. Quando, pela primeira vez eu vivenciei essa ferramenta, eu me lembro que minha treinadora me questionou se eu realmente queria e estava preparada para olhar para minha mãe. Mas não com aquele olhar que eu tinha sobre ela, com aquela fala magoada e ferida como se ela, por causa do modo como me tratou, não tivesse sido uma boa mãe, como se ela nunca tivesse me amado.
Ver a minha mãe através da sua história me fez perceber que a desconexão do amor era minha, eu não estava amando a minha mãe do jeito que ela era - e foi esta a minha grande sacada. Eu não conseguia ver o amor dela por mim porque eu a enxergava através do véu da minha mágoa, da minha raiva. Foi aí que entendi que, à maneira dela, do jeito dela, do modo como ela havia aprendido sobre ser amada – ela me amou sim e muito. Foi uma das experiências mais espetaculares que eu senti. Um peso enorme saiu das minhas costas. Eu entendi visceralmente, que o amor é vida real. Ele não é algo romântico, bonito, e maravilhoso sempre. Mas pode vir cheio de amargura, de raiva, de valores impostos de forma agressiva e descontrolada, muitas vezes até de forma rejeitadora e punitiva. Eu percebi que por tras de tanto sofrimento tinha sim um vínculo muito forte de amor.
Entendi que reconciliação, que perdão não é concordar, não é ficar perto, não é passar por cima mas sim, aceitar as coisas do jeito que são, é desapegar da dor e deixa-la ir, é olhar pra frente com a certeza de que tudo que lhe foi dado era o que podia ter sido dado, nem mais nem menos e que, se sou hoje o que sou, foi exatamente por causa de tudo que passou.
Até a próxima semana!
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