Por que conversar sobre sexo ainda é tão difícil? Partindo de quais referenciais as pessoas acreditam que, falar sobre sexo ou sexualidade, desperta o desejo em praticá-lo? Até que ponto a desinformação gera desinteresse? Será que isso é verdade? Em que temos que acreditar para que o receio e a vergonha em conversar sobre sexo e sexualidade continuem existindo?
Medo, vergonha, pecado, repressão, ignorância... não é de hoje que o assunto ‘sexo ou sexualidade’ são polêmicos, de fato, faz parte de uma história que nos incutiu a ideia de que parte de nós é domínio do divino e a outra do demônio. Não é difícil entender porque muitas vezes a vivência do prazer sexual seja associada às crenças pecaminosas e dotadas de motivos para se sentir vergonha e culpa. A preservação dessas crenças se tornou tão importante, que a convicção em não falar a respeito, criou raízes muito profundas. Conversar sobre sexo e sexualidade tornou-se um tabu.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a sexualidade é “uma energia que nos motiva a procurar amor, contato, ternura, intimidade, que se integra no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual; ela influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações, e por isso influencia também a nossa saúde física e mental.”
Agora, vejam o que a OMS nos mostra: em 2013, 7,3 milhões de adolescentes engravidaram, dentre as quais, 2 milhões tinham menos de 15 anos de idade. Aqui no Brasil, em torno de 25 mil meninas, entre 10 e 14 anos, deram à luz em 2011. 440 mil meninas, entre 15 e 19 anos, tiveram gestação não planejada. De acordo com a Academia Americana de Pediatria, métodos contraceptivos como o DIU (Dispositivo Intrauterino) não são usados, embora, sejam mais eficientes e as adolescentes possam fazer uso. Mostrou-se também que 22% das meninas usam o coito interrompido como meio de não engravidar, o que é péssimo, pois tem o índice muito baixo de eficácia. Por fim, 200 mil jovens morrem no mundo em decorrência de problemas no parto. (Fonte:http:/ /g1.globo.com/globo-news/noticia/2014)
Obviamente que não atribuo tal estatística, exclusivamente, ao problema da carência em educação sexual, mas não dá para negar que ela seria fundamental para a redução desta estatística se fosse dada aos jovens a possibilidade da reflexão sobre suas ações, frente a sua sexualidade e vivências sexuais. Principalmente se ela “...influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, por isso, nossa saúde física e mental” (OMS).
O que podemos oferecer aos jovens? O que fazer para que os jovens percebam que esta prática sexual, que vem ocorrendo em qualquer canto e lugar, não é positiva pra seu desenvolvimento pessoal e interpessoal? Pesquisas apontam que quanto mais informação e conhecimento sexual e reprodutivo, menos promiscuidade e menos precocemente será a prática sexual. Já é sabido que a educação e o conhecimento contribuem para a maturidade sexual do jovem. É necessário, portanto, que se ofereçam a eles condições psicológicas e cognitivas de entender a sua própria sexualidade, permitindo que possam, com liberdade, escolher os comportamentos mais saudáveis, de modo a evitar problemas futuros.
Infelizmente, o que vemos é o silêncio deixado por uma sociedade conservadora que acha que falar sobre o tema sexualidade é negativo porque vai estimular a prática do sexo ou por achar que é desnecessário. Obviamente, são vários os problemas que circundam as dificuldades com relação a se falar sobre sexo e sexualidade. O despreparo das escolas e dos pais, em abordar este tema, abre espaço para a busca desenfreada de informações vazias e ausentes de valores positivos e saudáveis em que a percepção e a prática precoce do sexo são vividas de forma deturpada, promíscua e, muitas vezes, violenta.
O que sobra aos jovens como acesso às informações e ao aprendizado a respeito deste tema? Sobram a universidade da pornografia e o laboratório da vida real em bailes enlouquecidos por uma prática sexual totalmente avessa ao verdadeiro sentido da sexualidade, induzindo-os a uma visão vulgar do prazer, apequenando a experiência sexual em detrimento de algo muito melhor e enriquecedor para o desenvolvimento pessoal e interpessoal.
Precisamos entender que as lacunas criadas pela ausência de educação sexual, informação e formação cívica da sexualidade distanciam os jovens dos reais valores de convivência, da importância e, principalmente, da positividade na formação da personalidade e no desenvolvimento de relações interpessoais positivas e saudáveis. É preciso, com urgência, que se resgate o sexo do submundo da sociedade e dos livros das proibições, para que se dê a ele status de algo positivo, natural, saudável e prazeroso para homens e mulheres.
Até quando ficaremos em silêncio?
Até a próxima,
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