No dia 12 de outubro de 2020, portanto, no Dia das Crianças, Manoel Batista dos Santos Júnior amarrou um cachorro no para-choque de seu carro de luxo e, de forma covarde e brutal arrastou o animal até à morte pelas ruas de Jaguaré, cidade localizada no norte do Espírito Santo. Sua ação tresloucada foi filmada por câmeras de segurança, noticiado pela imprensa nacional e ele foi condenado a pena total de 3 anos, 3 meses e 21 dias, além de 47 dias de multa. Veja vídeo e reportagem de A Gazeta.
De bom nesta história triste, que magoou protetores de animais em todo o país, foi a imortalização do animalzinho através da literatura infantojuvenil, com o livro O cachorro cor de caramelo que vivia nas ruas de Jaguaré, do jornalista e militar Edelvânio Pinheiro, que é autor de outros cinco livros de crônicas e reportagens. A obra de 32 páginas e em capa dura, publicada pela editora Flamingo, do grupo editorial Atlântico, é ilustrada por Paulo Alaor, em formato 21 cm x 21 cm.
Em pré-venda desde a última segunda-feira (1), o livro pode ser adquirido nas livrarias Atlântico, Martins Fontes, Cultura e Livraria da Travessa.
A fábula narra a luta diária do cachorro de rua pela sobrevivência, a esperança dele de ter uma família de humanos e sua morte trágica. A narrativa emociona o leitor, despertando nas crianças e adolescentes a necessidade de cuidar e de proteger os animais.
“Foi uma experiência e tanto ilustrar o livro O cachorro cor de caramelo que vivia nas ruas de Jaguaré, dar vida em cores e traços a esse texto foi cativante e dramático ao mesmo tempo, um misto de emoções”, conta Alaor. “Ao lê-lo logo percebi que ele exigiria de, na condição de ilustrador, algo diferente, um acabamento elegante, mas sem perder a conexão com a história; não podia ser apenas ilustrações ‘bonitinhas’ devido o jogo de cores ou até mesmo o estilo de traço, eu definiria o texto de Edelvânio como trágica esperança”, prossegue.
O profissional deu detalhes da técnica utilizada para produzir as ilustrações do primeiro livro infanto-juvenil do jornalista, o sexto da carreira de Edelvânio Pinheiro.
“Utilizei pintura digital, por incrível que pareça, pois sou um artista bem tradicionalista, adepto à tinta e papel, mas como tive bastante liberdade por parte do autor resolvi experimentar, aliás, liberdade criativa foi o que tive nesse projeto, então, as ilustrações foram todas coloridas digitalmente, imitando um giz pastel seco. A única vantagem desse processo digital é a facilidade de edição da arte, fica mais fácil para mudar uma cor ou mover uma personagem ou cenário de lugar, por exemplo; em outras palavras agiliza, no tradicional, dependendo da mudança se for drástica talvez tenha que refazer tudo, mas isso são só detalhes, no fim das contas são apenas ferramentas de trabalho, materiais, o serviço braçal ainda tá nas mãos humanas”, explicou.
Paulo Alaor enfatizou que cada ilustração do livro foi pensada para passar alguma mensagem visual e não simplesmente ilustrar o que já está escrito, estar lá só por estar, pois sendo assim, segundo ele, as ilustrações não seriam necessárias.
“Os ilustradores e ilustradoras de conteúdo literário precisam trabalhar a interpretação do texto, extrair um ponto, uma frase ou, às vezes, uma palavra e contar aquele trechinho ali em forma de desenho, cada posição, direção de olhar, levantada da orelha, enfim, tudo tem um sentido e um porquê. O desafio maior é como conduzir o leitor a sentir a mesma emoção que senti ao ilustrar aquela cena, como guiar o leitor pela história sem subestimar a sua inteligência e, por fim, como influenciar o leitor a seguir as pistas deixadas pelo caminho criativo, sem explicitar demais aquilo que já tá explicado em forma de texto, deixar que o próprio leitor preencha as lacunas por sua conta”, detalhou o artista, acrescentando. “A linha entre a realidade e a fantasia é tênue e é nesse limiar de travessia que atuamos, no campo da sensibilidade, no campo das emoções e acho que a escrita do Edelvânio em ‘O cachorro cor de caramelo que vivia nas ruas de Jaguaré’ é bem isso, podemos comparar a um prato chique: o garçom traz um determinado prato e sobre ele tem um pequeno adorno, uma folhinha pra dar charme, você afasta aquela folhinha, come a comida e se satisfaz, mas a folhinha tá ali no canto do prato, assim é a ilustração, você degusta o texto, mas a folhinha (ilustração) tá ali num canto até você terminar de comer”, finalizou.
Por: Vida Diária/APN
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