Em 59% das famílias brasileiras, o consumo de suplementos alimentares faz parte da dieta de pelo menos uma pessoa, segundo pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad). Quando perguntados sobre a motivação, 90% dos entrevistados responderam consumir esses produtos para complementar a alimentação e 85% para melhorias na saúde e bem-estar.
Os suplementos são uma opção prática para atender às necessidades nutricionais e assegurar a ingestão de nutrientes que estão em quantidades insuficientes na dieta habitual, especialmente para aqueles que não consomem a quantidade mínima de frutas, legumes e verduras recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 400 gramas por dia.
No entanto, o Conselho Federal de Nutrição (CFN) alerta que nem sempre seu uso é necessário e que, se consumidos sem orientação, podem não ter efeito ou ainda trazer malefícios para a saúde, como acarretar uma sobrecarga renal ou hepática, visto que órgãos precisam processar o que foi ingerido.
Além disso, quando existe excesso de vitaminas no corpo pode acontecer uma hipervitaminose. O Departamento de Medicina da PUC-Rio explica que ela pode trazer riscos à saúde, como fragilidade dos tecidos e rins, e que muitas vezes é causada pelo consumo exagerado de alimentos com determinada substância associado a suplementos, consumido desregradamente.
Portanto, o CFN reforça que o uso de suplementos alimentares só deve acontecer quando a alimentação for insuficiente para algum nutriente, diagnosticada a partir de um acompanhamento médico por meio de exames ou da observação de sintomas.
A partir dessa análise, o profissional pode definir a necessidade do complemento nutricional e a quantidade adequada a ser ingerida, considerando a dieta do paciente. Ao recomendar suplementação com ômega-3, por exemplo, ele pode avaliar a diferença entre a sua ingestão e a meta diária de 500 miligramas a 1 grama, recomendada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) para adultos saudáveis.
Suplementação e atividade física
Entre os praticantes de atividades físicas, os complementos alimentares, especialmente de proteínas e aminoácidos, são frequentemente usados para apoiar o ganho muscular e a recuperação. Whey, creatina, cafeína e Coenzima Q10 (CoQ10) são alguns dos suplementos usados para o melhor desempenho nos treinos.
De acordo com o estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), entre os benefícios da CoQ10 suplementada para a atividade física de alta intensidade estão a redução de lesão muscular, retardo na fadiga e melhora no desempenho esportivo.
Já os suplementos ricos em proteínas favorecem a construção e a reparação muscular, conforme explica o médico ortopedista Marco Aurélio Neves, em entrevista à imprensa. Ele acrescenta que o uso da creatina fornece energia e promove o aumento da força e do volume muscular.
No entanto, para pessoas sedentárias que ainda vão começar a realizar exercícios físicos, a CFN recomenda que apenas aqueles que estão sendo acompanhados por um médico ou nutricionista devem suplementar a alimentação, para que o resultados sejam mais rápidos e seguros.
Benefícios da suplementação para idosos
Um levantamento produzido pela Abiad, acerca dos desafios nutricionais em idosos, aponta a suplementação de determinados nutrientes como uma estratégia importante para evitar o avanço de doenças como distúrbios musculoesqueléticos, perda de visão, demência e doenças cardiometabólicas durante o envelhecimento.
Segundo o relatório, ela funciona como uma ferramenta para adequar o consumo de compostos presentes nos alimentos, tendo em vista que apenas 26% dos entrevistados com pelo menos 65 anos consomem frutas e hortaliças regularmente, em cinco ou mais porções diárias, definidas como a principal fonte de obtenção de nutrientes da alimentação.
A Abid também aponta a prevalência de inadequação (<50%) de vitaminas D, A, E, magnésio, piridoxina e cálcio em idosos com mais de 60 anos, além de destacar que a osteoartrite é uma doença articular presente em aproximadamente 40% da população acima de 70 anos.
Para a osteoartrite no joelho, por exemplo, um estudo publicado no Nutrition Journal mostrou que alguns suplementos podem trazer benefícios como o alívio da dor. Os suplementos antioxidantes com mais evidências foram baseados em curcumina e insaponificáveis de abacate e soja.
Os suplementos multivitamínicos podem auxiliar na melhoria da memória de idosos, como aponta análise clínica conduzida por pesquisadores das universidades de Harvard e Columbia, publicado na revista científica The American Journal of Clinical Nutrition. Apesar de os resultados serem promissores e indicarem uma melhora cognitiva entre os participantes acima de 60 anos, alguns especialistas alertam que ainda é cedo para fazer recomendações sobre essa suplementação.
Por: Vida Diária/ Ascom
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