Tem talento de Teixeira de Freitas brilhando pelos palcos da Europa. Essa é uma daqueles histórias que poderiam começar com “Era uma vez...”. O bom mesmo, é que se trata de vida real. Meninos e meninas, nascidos em bairros pobres, que por conta do contato com a arte superam os obstáculos e ganham o mundo. Neste enredo real, dois jovens muito conhecidos dos teixeirenses: Filipe Mota e Ysrael Almeida. Os dois, que por tantas vezes se apresentaram com o grupo do ICED (Instituto de Cultura Educação e Desenvolvimento), sob a regência do Maestro Orley Silva, estão neste momento na Europa, tocando seus instrumentos, dividindo o palco com renomados nomes da música, sendo aplaudidos.
Eles foram escolhidos para integrar a Orquestra Juvenil da Bahia, em grupo seleto, formado especialmente para esta turnê.
O primeiro concerto foi na noite desta quarta-feira, 05, em Turim, Itália. Os ingressos se esgotaram e, ao fim, Ysrael e Filipe se declararam emocionados, felizes. Em solo teixeirense, amigos e familiares compartilham da mesma alegria. “É uma emoção muito grande, uma satisfação ver nossos meninos realizando sonhos”, celebra o Maestro Orley.
“Foi muito bom. Nosso primeiro concerto foi, realmente, muito bom. O Ysrael está muito feliz, é bonito de ver a alegria dele. Eu também estou. Tivemos sala lotada, nenhum assento vazio. É nessa emoção que a gente segue para Milão [Itália], onde faremos nossa segunda apresentação”, contou Filipe, que atualmente é um dos professores do ICED em Teixeira de Freitas. O concerto foi no Teatro Regio, um importante espaço de ópera com capacidade para 1750 espectadores. O evento integrou o “Festival Internazionale dela Musica Torino Milano- MITO Settembre Musica”. Filósofo ao palco e orquestra sem regente
A Orquestra Juvenil da Bahia realizou o primeiro concerto da Turnê Europa 2018 com grande sucesso. Antes do concerto, a orquestra teve um ensaio no qual a aclamada pianista Martha Argerich reencontrou o grupo - ela foi solista da orquestra nas turnês de 2014 e 2016.
Já no palco, instantes antes do concerto, o filósofo italiano Stefano Catucci fez uma breve introdução, contextualizando a presença no festival de uma orquestra juvenil brasileira, em um quadro de referência que incluiu José Antonio Abreu, Giuseppe Sinopoli, Claudio Abbado e a Royal Philharmonic Orchestra. O foi o filósofo quem classicou a primeira parte da apresentação como o “o mais romântico dos concertos”.
“Talvez a característica mais impactante da apresentação foi o seu caráter de espontaneidade, não somente nas ideias musicais propostas por Martha Argerich, como também na interação imediata com o que era proposto pelos vários solistas individuais internos da orquestra e por Ricardo Castro na regência: uma autêntica conversa na qual uma das maiores pianistas da história estava autenticamente dialogando de alma e mente abertas, sem no entanto deixar de, sutilmente, conduzir a música por caminhos da mais alta estruturação e expressão musicais, eletrizando a todos”, descreveu sobre o momento, o diretor musical do NEOJIBA, Eduardo Torres.
Diante da apresentação, a plateia exigiu bis, e levou. Argerich tocou a transcrição de Liszt para solo de piano da canção “Widmung”, música que foi um presente apaixonado de Schumann a sua então noiva Clara.
Após o intervalo, foi a vez da Orquestra Juvenil da Bahia apresentar uma homenagem aos 100 anos de nascimento de Leonard Bernstein, continuando com “Sonhos Percutidos” do compositor baiano Wellington Gomes, e finalizando o programa com Gershwin. O programa que inspirou o Neojiba também foi lembrado. Como homenagem ao “El Sistema” foi interpretado Danzón nº 2 de Marquez, em um número em que a orquestra tocou sem regência. Da mesma forma, o concerto seguiu com Aquarela do Brasil de Ary Barroso e Tico Tico no Fubá de Zequinha de Abreu, as duas, em arranjos do músico Jamberê.
Por: Vida Diária / Michele Ribeiro
Com informações de Eduardo Torres
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