Série Pioneirismos em Teixeira
Como o próprio José Sérgio de Almeida Figueiredo diz: ele ajudou a assinar a Certidão de Nascimento de Teixeira de Freitas. E, na semana que antecede o aniversário de 32 anos de emancipação política da cidade, ele não pode ser esquecido.
José Sérgio nasceu em Salvador e passou a infância na Fazenda Cascata. Estudou em Caravelas que era o principal centro econômico e cultural da época. Depois foi para Vitória(ES) e de lá para Brasília. Na capital do país, trabalhou com o ex-senador Lomanto Júnior e também trabalhou no Ministério da Saúde. É casado com Maria Cristina Dalmonte Figueiredo, com quem teve três filhos: José Sérgio Filho, Caio e Marina.
Ele revelou que começou o interesse político ainda na escola, nos grêmios estudantis, e na Universidade com os Diretórios Acadêmicos. Foi ainda mais influenciado quando trabalhou com o senador Lomanto. “Eu sempre gostei de política, eu acho que vou ser político a vida inteira, independente de ocupar ou não um cargo público”, falou.
Teixeira: o começo
“A primeira pessoa que divulgou Teixeira foi Manuel Cardoso Neto”, disse José, informando que Manuel trouxe os primeiros pecuaristas para cá, como os da família Coelho e família Brito. Depois vieram os madeireiros, especialmente os do Espírito Santo, surgindo um grande número de serrarias que exploraram as terras. “A cidade só existe com essa pujança e com essa grandeza, porque vieram as pessoas de fora”, enfatizou José Sergio.
Em 1982 houve uma disputa bastante acirrada na política de Teixeira, entre Temóteo Alves de Brito e o irmão Wilson Brito, que eram candidatos a prefeito de Alcobaça. Wilson ganhou. Temóteo, então, começou a falar sobre a possibilidade de emancipar Teixeira, e iniciou um movimento encabeçado pelos vereadores de Alcobaça da época.
Foi realizado um plebiscito. Segundo José Sérgio, o senhor Godoaldo Alburquerque ajudou muito nisso, fazendo a campanha em praças e ruas, uma mobilização popular muito forte.
Após a aprovação da emancipação da cidade começaram a aparecer os primeiros grupos políticos. O PFL e o PMDB (Aliança Nacional) montaram um grupo e lançaram Franscistônio Pinto como candidato a prefeito. E o PTB e o PDT montaram outro grupo e lançaram Temóteo Brito a prefeito. Temóteo ganhou as eleições.
“Todos os municípios da região estavam com os olhos voltados para Teixeira”, lembrou-se daqueles primeiros dias de emancipação. “As campanhas eram muito acirradas, pois era comício todo dia e a gente ficava muito próximo do povo. Hoje tem as redes sociais”, disse sobre as campanhas políticas da época.
A Câmara
“Nós não tínhamos onde ficar”, disse José Sérgio sobre os primeiros vereadores. Após ganharem as eleições começaram a se organizar. Os primeiros edis de nossa cidade chegaram a pedir espaço para o Rotary Club ou para a CEPLAC para que fossem realizadas as sessões ordinárias. Terminada a reunião, os documentos e atas iam para a casa de José Sérgio, que foi o primeiro presidente da Câmara de Teixeira.
Até que o senhor Constantino emprestou uma sala, depois Carlito emprestou outra sala, mas não deram certo nessas localidades. A Câmara foi para o centro, em um prédio doado por Temóteo, e lá funcionava junto com o fórum.
“Nenhum vereador estava recebendo e Temóteo tocando a cidade e a oposição disse que queriam receber os subsídios, ‘ou recebe ou vamos afastar o prefeito’”, lembrou José Sérgio, mas a prefeitura não tinha dinheiro, então os aliados se juntaram e pagaram a oposição. Todos assinaram como se tivessem recebido, para deixar a oposição calma, disse o ex-vereador, rindo da situação.
As associações
Ele disse que viu uma reportagem sobre mototaxista e foi a Vitória (ES) e comprou 3 motos. Ele tinha uma empresa de segurança e tinha um sistema de rádio. Depois apareceram pessoas que queriam deixar as motos na empresa para que elas rodassem.
Tudo era por sistema de rádio. Foi assim que começou o sistema de mototaxistas. “Todos eles que trabalhavam comigo viraram mototaxistas”. E foi assim também que surgiu a Associação, quando a categoria resolveu se organizar. José Sérgio, no entanto, não levou a frente o empreendimento.
Os jornais
Existia aqui na região o jornal de João Araújo e o de Diva Nunes de Itamaraju, e Rui do Hotel Jacarandá também chegou a montar um jornal, por incentivo de Dilvan Coelho, que sempre gostou da imprensa, mas não foi à frente.
Quando José Sergio morou em Brasília buscou implantar as rádios AM aqui em Teixeira, ainda nos anos 70. A Rádio Difusora e a Rádio Alvorada (inaugurada em 1982). Na Rádio Alvorada, quando surgiu, começou a transmitir as missas ao vivo, em uma ideia de José Sérgio que foi apoiada por Dom Antônio Eliseu Zuqueto. Ele lembra que Alceu foi o primeiro radialista na época. Depois surgiram outros, como o senhor Amazias Barreto, que comandou um programa religioso na época, pela manhã.
A Fazenda Cascata
Durante a infância de José Sérgio a Fazenda Cascata sobrevivia da agricultura, com mandioca e seus derivados e também com a plantação de cacau. Também tinha pecuária. Ele lembrou que teve um período de plantio de café muito grande.
Atualmente, ele abriu a fazenda para o público e chegou a receber mais de 1.200 alunos de escolas municipais por mês para fazer a pesquisa. Está desenvolvendo uma parceria com a UFSB (Universidade Federal do Sul Bahia), mas já teve uma parceria com a UNEB (Universidade do Estado da Bahia), que catalogou alguns trabalhos.
A primeira professora de Teixeira foi a Cascata que trouxe, a professora Carmélia. Naquela época, estudavam tanto os filhos dos fazendeiros como os dos funcionários. Também fizeram a primeira ponte para ligar a fazenda à Alcobaça. Depois vieram as obras para abrir estrada até Caravelas e foi feita, praticamente, com o trabalho manual. Benedito Procópio é um dos trabalhadores dessa estrada que ainda estão vivos.
“Teixeira me surpreende todos os dias”
“Nós crescemos muito rápido”, garante José Sérgio, pois poucas cidades no Brasil atingiram a marca de 32 anos de emancipação com 180 mil habitantes. “Eu não vejo as pessoas indo embora, vêm e ficam aqui”, disse sobre os habitantes. Ele também falou que não percebe divisão de classes sociais por bairro e quase todas as ruas, especialmente do Centro, tem comércio. E sobre esse crescimento, quase que diário, ele diz que: “nenhum de nós é capaz de calcular o que Teixeira será daqui há 5 anos”.
“Hoje que Teixeira está tomando ares cosmopolitas” e todo mundo gosta de Teixeira e fala bem. “Graças a Deus as pessoas não se esqueceram de mim e eu nunca me esqueço delas”, finalizou o ex-vereador José Sérgio.
Por Vida Diária/ Petrina Nunes
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