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Falar de vinhos é algo extremamente prazeroso para minha pessoa, seja qual for o assunto a ele relacionado: uvas, lugares, sabores, estilos, vinícolas, etc. Degustação então, dispensa comentários. Mas um assunto que me dá ainda mais prazer é quando escrevo sobre o vinho brasileiro, o nosso vinho, que tem estado cada vez melhor, não perdendo em nada para os importados. Aliás, quem já participou de cursos de vinho que ministro com degustação guiada, sabe que nossos vinhos dão show em inúmeros importados. E é com esse prazer, que hoje quero falar de mais uma vinícola brasileira, a VINÍCOLA LARENTIS.

Para tal, usarei informações praticamente na íntegra da própria vinícola e do blog Adega do Chamon, buscando ser fiel ao pensamento dos proprietários. Tive o prazer de conhecer o local no último novembro, onde fui muito bem atendido e de lá trouxe alguns exemplares. Mas vamos conhecer um pouco sobre a história e produção da família Larentis no mundo do vinho.

A HISTÓRIA - Localizada no Vale dos Vinhedos, na cidade Bento Gonçalves – RS, na via Leopoldina, encontra-se essa pequena, mas excelente vinícola brasileira. A História dessa família no Brasil começa em 1876, quando Arcangelo Gabriele Larentis, então com 19 anos, deixou a região de Trento, na Itália, para se estabelecer no Vale dos Vinhedos, na serra gaúcha. Casou-se com Luigia Baratto, formando uma das primeiras famílias da região a cultivar variedades nobres, como as uvas Chardonnay, Merlot e Cabernet Franc. Nesta época, a família Larentis produzia vinhos para consumo próprio e vendia suas uvas para vinícolas.

A paixão pelo cultivo das uvas permaneceu na família através das segundas e terceiras gerações. José Larentis, um dos filhos do casal, e sua esposa Theodora deram continuidade aos trabalhos de Arcangelo. Essa paixão foi então transmitida ao caçula da família, Cilo, que viu na paixão do pai uma possibilidade econômica para o sustento de sua família: sua esposa Romilda e seus herdeiros Odair, Olivar, Larri, Celso e Tatiana.

 

Mas apesar de estabelecidos a tanto tempo no Brasil, foi apenas em 2001, que Cilo e seus filhos Olivar, Larri e Celso, realizaram um sonho: inauguraram a Vinícola Larentis e deram vida ao desejo de expressar a alta qualidade de suas uvas em garrafas de vinho. Estas levariam o nome da Família Larentis às adegas e mesas de apaixonados por vinhos em todo Brasil. Desde o princípio, a família sempre prezou pela qualidade de seus produtos, produzindo seus vinhos em tanques de aço inoxidável e barricas de carvalho, o que havia de melhor à época.

A partir de então a vinícola vem investindo fortemente em novas técnicas de cultivo e produção, bem como na constante modernização de sua estrutura. Hoje, a família Larentis já tem novos herdeiros trabalhando na paixão de seu patriarca Arcangelo Gabriele. André, filho de Larri Larentis e Vera Lunelli, é formado em viticultura e enologia e contribui com seus conhecimentos para inovar os produtos Larentis.

Os primeiros parreirais eram um misto de uvas viníferas, como Barbera e Bonarda, e comuns, americanas, como Isabel e Bordô. “A gente trabalhava com 50% de viníferas e 50% americanas. Depois a família adquiriu outra propriedade no Vale dos Vinhedos, então hoje são 20 hectares, com 12 produzindo viníferas. Sempre foi um sonho elaborar vinhos de alta qualidade, e em 2001 demos o primeiro passo... foi quando a gente formalizou a empresa, e iniciou com uma estrutura de tanques de aço inoxidável e barricas de carvalho. Na época o setor estava passando por uma modernização bem forte, e começamos bem avançados neste sentido. Fizemos um trabalho muito forte na parte de vinhedos. Antigamente se trabalhava no sistema latada, na horizontal, e convertemos os vinhedos para o sistema de espaldeira. Hoje, 90% da área é espaldeira, que é um sistema que nos possibilita ter uma uva de maior qualidade, uma concentração de açúcar maior, com sanidade melhor, o que vai possibilitar ao enólogo elaborar vinhos de melhor qualidade, e maior potencial de envelhecimento”, diz André Larentis, enólogo e filho do Larri e da Vera.

 

A PRODUÇÃO – André Larentis explica que (hoje) 70% da produção dos vinhedos são das variedades francesas: Chardonnay, Merlot e Cabernet Sauvignon, completando com Tannat, Malbec, Marselan, Teroldego e Ancelotta. Diz que o ponto positivo em se produzir a própria uva é o controle do manejo, maturação e colheita pela própria família, o que garante a escolha das uvas aptas à produção, sendo descartadas as que não se apresentam sãs.

“Após a colheita, as uvas são direcionadas à vinícola para as desengaçar e prensar; os brancos são destinados aos tanques para a fermentação sem contato com as cascas, com o intuito de se obter vinhos refrescantes, com aromas leves, destinados para a produção do branco seco Chardonnay ou vinho base para espumante. No caso dos tintos, o mosto é direcionado para os tanques para a realização do processo de fermentação alcoólica tradicional, com maceração (mosto com o bagaço) em torno de 15 dias”.

Na conversa com o enólogo Douglas Chamon, ele explicou a relação deste período de maceração com o fato de a Larentis buscar vinhos bem estruturados, com capacidade de guarda. André disse: ”depois que termina a fermentação, o vinho fica mais uns dias em contato com a casca para ocorrer uma extração ainda maior de cor, taninos, fenóis, acidez de boa qualidade, justamente para ter esse potencial de longevidade. Posteriormente o vinho permanece no aço inoxidável por um tempo, e depois vai para as barricas de carvalho americano/francês. Os tintos permanecerão em barricas de 3 a 15 meses, dependendo da qualidade da safra, da variedade e da linha a ser produzida, mas de forma geral, a barrica é usada para agregar qualidade ao vinho, e não se sobressair à característica da uva”.

 

André afirmou ainda que um dos sucessos da Larentis é a união do conhecimento científico adquirido pelos enólogos com a experiência secular de sua família. “Passar de geração em geração a experiência possibilita se ganhar muitos anos, porque quando um enólogo pensa em fazer alguma coisa diferente, ele tem que esperar um ano para fazer aquela coisa diferente. Se você for ver, na carreira profissional do enólogo, supondo que ele comece com 20 anos e trabalhe até os 60, são 40 tentativas de mergulhar. É pouco. Então a cada ano você tem que buscar o melhor, sempre. Há muitas coisas que a gente estuda na teoria, que nem sempre na prática funciona, e com a experiência da família a gente consegue adaptar de uma forma a ter bons resultados. Então a experiência ajuda bastante”.

No verão, os turistas são apresentados à movimentação do trabalho da colheita e vinificação, podendo entender um pouco do processo ao vivo. A festa da Vindima que ocorre em toda a região, acontece de maneira especial na Larentis, com degustações e programações destinadas aos visitantes, como a colheita noturna e piqueniques nos parreirais.

Quem visita a vinícola no Vale dos Vinhos fica encantado com a dedicação da família, que realmente vive esta paixão. Os homens ocupam-se do trato dos vinhedos e da elaboração dos vinhos, enquanto Romilda, Vera e Rejane se encarregam do atendimento ao público, assim como da embalagem e venda dos vinhos. Todos os vinhos produzidos na vinícola refletem a harmonia e a devoção da família Larentis.

São por histórias como estas que tenho tanto prazer em falar dos nossos vinhos. Se você quiser conhecer um pouco mais sobre a Larentis, na próxima viagem de férias, ponha Bento Gonçalves em sua lista de visitas e conheça pessoalmente essa agradável vinícola. Ainda este mês, o Vaner Vinhos estará trazendo os excelentes vinhos da Larentis para que vocês degustarem. Viva o Brasil! Viva o vinho brasileiro!

 

Fontes de apoio: http://www.larentis.com.br  

                         http://www.adegadochamon.com

 

Vaner Benetti

Sommelier Internacional FISAR/WSET 1

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