Para entender isso, quero citar Carlos Drumond de Andrade quando ele diz que "a dor é inevitável mas o sofrimento é opcional”. Quando evitamos sentir algo que nos faz sofrer, quando negamos ou jogamos pra debaixo do tapete problemas que precisam ser encarados deixamos de ver o essencial e de aprender com essas experiências e assim ficamos sofrendo com o problema sem solucioná-lo. Não podemos negligenciar o fato de que o que nos fortalece são nossos percalços, nossos fracassos, nossos tombos.
Quando vemos hoje em dia pais retirando dos filhos experiências e pesos naturais da vida humana, por exemplo, quando carregamos as mochilas de nossos filhos ao sair da escola porque sentimos pena deles, acreditando que são pequenos demais pra isso, retiramos também a força que eles trazem dentro de si, retiramos também a sensação de que são capazes de carregar seu próprio peso e a introjeção de que são responsáveis pelo que é deles, por aquilo que faz parte da realidade deles. Não é à toa que hoje nos referimos aos jovens como sendo uma geração "floco de neve”, uma geração que não suporta a frustração. Uma geração pouco resiliente. Incapaz de superar desafios, de se levantar de suas quedas sem ajuda dos pais, medrosos e sem autonomia.
A depressão nada mais é do que uma sensação profunda de incapacidade e menos valia, uma sensação de falta de utilidade e ausência de um sentido para se viver. É isso em um grau profundo e insuportável que levam pessoas a se matarem. Os motivos que levam uma pessoa a se deprimir ou a cometer suicídio são multifatoriais mas não podemos ignorar o fato de que precisamos aprender a lidar com nossas dores, com nossos fracassos, precisamos ensinar nossos filhos a ouviram não, a se frustrarem porque é isso que vai torná-los pessoas mais sociáveis, sensíveis a outro ser humano e mais fortes para superarem seus desafios.
Precisamos parar de passar a imagem para nossos filhos de que somos infalíveis, indispensáveis e imortais na vida deles. A única certeza de que eles realmente precisam é a do nosso amor e do apoio que podemos dar a eles, porque o resto eles podem dar conta e precisam de dar conta sozinhos. Nosso papel é prepará-los para a vida e não deixá-los debaixo de nossas asas até que a morte nos separe.
Até a próxima semana!
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