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Adoro postar coisas no Instagram e você? Adoro compartilhar pensamentos, momentos em família, exercícios, psicologia, receitas saudáveis e gostosas, aquilo tudo que faz sentido pra mim. E também fico bem feliz em seguir pessoas que instigam minha curiosidade e me ensinam coisas diferentes, adoro, ao cubo, aprender.

Então, ao divagar e me aprofundar nessa rede social comecei a fazer algumas conexões aqui na minha cabeça. São tantas pessoas lindas, com corpos, rostos e looks (roupas) que fazem os olhos sorrirem. Mas, eu continuo a procurar, em seus perfis, suas almas, sua identidade, seu balangandã, sua personalidade e, por muitas vezes, não encontro.

Eu fiz um link disso com os papos que escuto no consultório, onde homens e mulheres entediadas sentem sobra de casca e falta de recheio. E então amarrei essas histórias com textos que tenho lido e conversas informais que tenho tido. Tenho ouvido, repetidamente, pessoas falando do seu tédio, de uma falta de significado, de sentido mesmo.

Seres tão lindos e lindas, esteticamente batendo um bolão. Mas, por outro lado, batendo bolinha nenhuma quando se fala de entendimento sobre si mesmo. Tantas histórias de casais que já não sentem mais desejo pelo outro, situações onde a atração e o tesão se perderam meio a uma obsessão pela própria imagem, pela impressão que podem passar pras pessoas, numa ideia de “eu sou sensacional”, mas aí você vai conversando com elas e ouvindo que não está bacana, que existe um vazio que faz com que não saibam mais como impressionar naturalmente.

E dá pra impressionar naturalmente? Ora, claro Cleuza.
Você é único nesse mundão de meu Deus e se conseguir colocar sua identidade naquilo que posta, produz, cozinha, exercita, expressa, ninguém mais fará exatamente como você, afinal, temos todos uma impressão digital diferente. As pessoas dizem que estão sem desejo, mas como desejar produções em série, como sentir tesão por construções sem originalidade, que não mexem com a nossa fantasia?

O tesão é psicológico, ele se cria na mente, na brincadeira imaginária. O tesão passa pela admiração e essa admiração pode ter tantas facetas…
Porque estaria só relacionado à casca, ao número de gomos abdominais, vitalidade do cabelo ou a circunferência de cintura e glúteo?

Que sensacional ter um corpo bacana, comer bem, fazer escolhas saudáveis, se exercitar… Mas que duplamente fantástico viver tudo isso e adquirir conteúdo, entender sobre si mesmo, trabalhar o autocontrole, ser mais leve, se dar permissão, ter mais assunto, ampliar sem parar o nosso olhar, evoluir!

As pessoas acham que estão sem tesão na cama, mas elas estão sem tesão na vida, estão saturadas de um modelo que seguem porque todo mundo faz assim e quando não questionam vão seguindo, repetindo e murchando e se entediando por dentro.

Eu adoro metáforas e analogias e a gente falando disso aqui algo me vem, uma imagem bem clara. Sabe quando você está em uma via super congestionada e fica ali no carro pensando – Socorro, o que toda essa gente faz aqui, porque todos resolveram estar aqui em mesmo dia e horário? – e então começa aquela angústia, vontade de sair correndo, pensamento tipo; o que estou fazendo nessa via e assim por diante.

E, um segundo inusitado, depois te acende a lâmpada na cabeça. Você olha uma ruela até onde consegue guiar o carro e ali o trânsito está bem mais livre, até tem muitos carros, mas flui. Começa a te dar aquele alívio refrescante, um amor pela ideia de ter saído do grande fluxo e ter feito diferente, pois no lugar original tem sempre mais espaço e paz. Eu achei essa analogia perfeita pra o que estamos tratando.

A vida é muito rica, dinâmica, profunda e provocativa pra que a gente fique no lugar comum, sem tesão, admiração, sem combustível pra transar, amar, criar.

Muito amor pelos atalhos e o desejo de que a gente os encontre cada dia mais.

Até semana que vem...

 

Por: Flaviane Brandemberg

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