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Teixeira de Freitas: Pacientes da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON, em tratamento do câncer de mama, reivindicam junto ao Poder Legislativo de Teixeira de Freitas, serviços garantidos por lei e que não estão sendo realizados no município. Nesta terça-feira (12), será realizada nova reunião interna na Câmara Municipal para abordar temas pertinentes ao assunto.

Segundo dados da Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer, o câncer de mama é um dos principais tipos de câncer que mais matam mulheres em todo o mundo. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer – INCA, em 2016 ocorreram aproximadamente 60 mil casos de câncer de mama entre mulheres no Brasil. Esse é o segundo tipo de tumor maligno mais incidente entre as brasileiras, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. O câncer de mama também pode afetar homens, embora os casos sejam considerados raros.

Muitas vezes a cura envolve a mutilação do corpo naquilo que é mais simbólico da feminilidade, os seios, colocando em risco também a saúde psíquica da mulher. Por isso, foi sancionada a Lei 12.802/2013, que obriga o Sistema Único de Saúde (SUS) a fazer a cirurgia plástica reparadora da mama logo em seguida à retirada do câncer, quando houver condições médicas. Se a reconstrução não puder acontecer imediatamente, a paciente deverá ser encaminhada para acompanhamento clínico. A lei anterior (Lei 9.797/1999) já previa que mulheres que sofressem mutilação total ou parcial de mama (mastectomia) teriam direito à cirurgia plástica reconstrutiva, mas sem especificar o prazo em que ela deveria ser feita.

Apenas 20% das 92,5 mil mulheres que fizeram a cirurgia de mastectomia (excisão ou remoção total da mama) para tratamento do câncer de mama, entre os anos de 2008 e 2015, passaram pelo procedimento de reconstrução mamária. O levantamento foi feito pela Sociedade Brasileira de Mastologia – SBM, com base em dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde - DataSUS. Para a SBM, a situação é explicada pela falta de estrutura para atendimento da demanda e pelo número insuficiente de médicos qualificados para o procedimento.

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Segundo informações da SBM, pelo menos 74 mil mulheres estão mutiladas pela mastectomia no país, mas com condições clínicas de fazer a cirurgia, mutilação que traz consequências importantes para a autoestima e sociabilidade da mulher. É a falta de sensação de integridade física.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que o procedimento é oferecido de forma gratuita em qualquer unidade de saúde especializada no atendimento ao câncer de mama no país. Segundo a nota, este ano, o número de cirurgias de reconstrução mamária cresceu 76,9% em relação a 2010, quando foram realizados 1.909 procedimentos. Nesse período, os investimentos federais passaram de R$ 2,4 milhões para R$ 9,5 milhões.

De acordo com a pasta, esse procedimento deve ser feito no mesmo ato cirúrgico de retirada da mama, segundo a Lei nº 12.802, de 24 de abril de 2013. O ministério ressalta, porém, que cabe à equipe médica avaliar se é possível fazer os dois procedimentos seguidamente. “A decisão é tomada com base em diversos fatores como, por exemplo, condição da área afetada para evitar infecção ou rejeição da prótese, condição clínica e vontade da própria paciente”.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Brasil possui mais de 180 serviços de saúde habilitados a fazer cirurgia reparadora de mama. Porém, não há estrutura nos hospitais públicos para realizar o que manda a lei. As deficiências vão da falta de centro cirúrgico à ausência de médicos qualificados. Para fazer o procedimento, é preciso ser cirurgião plástico ou mastologista com especialização em reconstrução de mama. A Sociedade Brasileira de Mastologia dá informações sobre as principais técnicas de reconstrução: a autóloga, realizada com tecidos da própria paciente; a heteróloga, que utiliza expansores ou próteses; e a mista, que combina as duas primeiras.

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Em Teixeira de Freitas e região, mulheres esperam pelo procedimento há mais de 7 anos. Vanessa Fraga, de 38 anos, descobriu o câncer aos 30, fez a mastectomia e quimioterapia, atualmente a hormonioterapia (uso de remédios de 5 a 10 anos para evitar o retorno do câncer). E desde então, luta para conseguir junto ao SUS, a cirurgia de reconstrução. “Estou numa fila de espera há 7 anos, e sempre falta algo, falta médico, material, estrutura, anestesista. Desde 2010 o procedimento não é realizado, não conheço quem tenha feito em Teixeira de Freitas. E isso afeta muito a vida da gente, como mulher, como ser humano. Essa reconstrução para mim é o marco do recomeço, como um ponto final do tratamento e o início de uma nova vida”, diz emocionada.

Marilene Oliveira, de 49 anos, fez a mastectomia aos 45 e espera a realização da cirurgia. “Toda mulher que passa por esse procedimento, sonha com a reconstrução. É triste olhar no espelho e ver que falta um membro, assim como faz falta um braço, uma perna. Não serve apenas para melhorar a estética, mas atua diretamente no psicológico da gente. Atualmente, eu me vejo incapaz. Não posso usar uma roupa de banho na praia, não posso fazer os mesmos exercícios que os meus amigos num momento de lazer”, afirma a paciente.

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De acordo com as pacientes, há uma possibilidade de cirurgia em Salvador, porém é assustadora, pois as mulheres se submetem ao procedimento de preenchimento da mama através da retirada de tecidos do corpo. Mais mutilação, maiores complicações na recuperação e atividades corriqueiras e constrangimentos emocionais. Sem mencionar o fato de não ter o suporte financeiro municipal para suprir gastos com passagens e despesas no período.

Devido a vários fatores que impossibilitam a realização das cirurgias com expansores permanentes, as pacientes buscam o apoio da Câmara de Vereadores para reivindicar seus direitos, assegurados por lei, até mesmo a isenção do IPTU. A reunião acontece na tarde desta terça-feira (12) com a presença dos vereadores e representantes dos órgãos responsáveis.

Lembramos que, se aproxima o Outubro Rosa, comemorado em todo o mundo como o mês de prevenção ao câncer de mama, visa chamar atenção, diretamente, para a realidade atual do câncer de mama e a importância do diagnóstico precoce.

Para a prevenção, é necessário que as mulheres pratiquem o autoexame e, entre os 50 e 69 anos, façam a mamografia a cada dois anos, segundo a recomendação do Inca e do Ministério da Saúde. No entanto, entidades como a Sociedade Brasileira de Mastologia recomendam o exame de mamografia seja feito em mulheres a partir de 40 anos e com periodicidade anual.

Por vida Diária: Andressa Lima.

Fontes: Portal Saúde/ Senado Notícias/ Agência Brasil.

Foto: Ana Mércia, 46 anos, Marilene Oliveira, 49 anos, Vanessa Fraga, 38 anos e Ivanilda Amaral, 36 anos. Todas esperam a mais de 4 anos pela reconstrução da mama.  

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